sábado, dezembro 30, 2006

Em mim

Tenho em mim um tanto de ser humano,
outro tanto de mulher,
algo de menina e
muito de leonina.
Fora isso,
pitadas de poesia...

Débora Linden Hübner
Outubro de 2006

quarta-feira, julho 12, 2006

Momentos

Ontem vi olhos curiosos
entrarem por uma porta
que parecia levar
a um mundo de imaginação.
Palhaços de cara pintada
e bolas e mil e uma cores de tinta.
Presentes, Papai Noel,
e sorrisos e carinho e atenção.
O tempo voou como no relógio
de um coelho apressado, levando
Alice ao País das Maravilhas.
O dia se pôs feliz.
E percebo que vale a pena lutar.

Hoje vejo olhos lacrimejando
e expressões de pranto.
Seguem todos lentamente
com soluços silenciosos.
Na multidão, vejo apenas
três faces serenas.
Uma delas encontrou a paz.
As outras o sabem, talvez por isso
parecem aliviadas.
Mas pesa o coração e a alma
de quem contra o tempo lutou
e não pôde a morte vencer.
As lágrimas, também
em meus olhos convencem:
a luta continua.

Débora L.H.
Dezembro 2005


        Esse poema retrata algo que marcou a história do LEO Clube Novo Hamburgo Terceiro Milênio e dos seus sócios: realizamos uma festa de Natal, para 90 crianças da Ação Encontro, e também três Campanhas de Cadastro de Doadores Voluntários de Medula Óssea, para ajudar uma menina de 07 anos que precisava de transplante. Infelizmente a menina faleceu uma semana depois da festa, o que me fez escrever um comparativo entre ambas as situações.
        O poema não ficou dentro do estilo que tenho escrito nos últimos tempos, mas mesmo assim participei com ele do Concurso de Poesia Tema LEO, da última Conferência do Distrito LEO LD-2. Não foi a vencedora, mas como tem um significado muito importante pro pessoal do Clube, que chorou junto comigo enquanto eu lia lá no palco :), posto aí!

sexta-feira, maio 19, 2006

Tiradentes

O dia é curto
A vida é dura
Paixão? Cura

Débora L.H.
21 de Abril de 2006.


terça-feira, abril 11, 2006

"Palavras-Resumo II"


Crédito: Lethicia Galo

     O vento desceu subitamente do céu da madrugada, onde brilhava, numa lucidez de entreloucura, grande como uma lágrima da noite, a deisvairada estrela da manhã. Primeiro uma rajada fria, que trazia na epiderme farfalhante um pouco do éter, das altas regiões de onde chegava. E logo tornou-se morno. Depois aqueceu. E partiu a solta, crestando a face lisa da aurora, fazendo crespidar as folhas das árvores, evaporando o mar, que inaugurou de verde o dia nascente. A mim, secou-me os olhos, os lábios e alma perseguida de insônia. E me tornou áspero o lençol e me trouxe lembranças secas da vida. Assisti ao dia nascer como se visse diamante cortar o vidro e ficasse inelutavelmente a respirar a poeira implacável do carvão remanescente.

Vinícius de Moraes


Roberto Coutinho – “Talvez ‘vento’... inquieto, incerto, tentando sempre mudar.”


Link Relacionado:

Minha "palavra-resumo" - O Mundo é grande

"Palavra-Resumo Sílvio Vasconcellos"- O Universo não é uma Idéia Minha...

quarta-feira, março 22, 2006

"Palavras-Resumo I"

       O Vida em Versos não seria nada se não fossem vocês, meus leitores e “comentaristas”!
       Os comentários sempre servem como um estímulo para que eu continue escrevendo, buscando poemas de mestres e amigos, procurando imagens e links e atualizando meu “cantinho virtual”.
       Então, resolvi prestar uma humilde homenagem, buscando poemas que representam as “palavras-resumo” deixadas no último post. Como palavras podem ter significado muito amplo quando falamos de poesia, como poemas podem ser relativos e como não conheço todos pessoalmente, talvez nem todos definam exatamente cada leitor, mas tentemos... :-)
       Começo com o primeiro “comentarista”, Sílvio Vasconcelos.
       E quem ainda quiser tentar resumir-se em uma só palavra... por favor!



O Universo não é uma Idéia Minha...

O universo não é uma idéia minha.
A minha idéia do Universo é que é uma idéia minha.
A noite não anoitece pelos meus olhos,
A minha idéia da noite é que anoitece por meus olhos.
Fora de eu pensar e de haver quaisquer pensamentos
A noite anoitece concretamente
E o fulgor das estrelas existe como se tivesse peso.

Fernando Pessoa


Silvio Vasconcellos – “Não tive dúvidas: UNIVERSO. Tem poesia, unidade e infinito.”


Créditos: NASA e Adolf Schaller
Agenzia Spaziale Europea


Link Relacionado:
Minha "palavra-resumo" - O Mundo é grande

quinta-feira, março 16, 2006

O mundo é grande

O mundo é grande e cabe
nesta janela sobre o mar.
O mar é grande e cabe
na cama e no colchão de amar.
O amor é grande e cabe
no breve espaço de beijar.

Carlos Drummond de Andrade


Ontem tive de achar uma palavra que me definisse.
Nem uma frase nem um poema, uma palavra.
Não foi fácil, mas achei "mundo"...
E acharam que eu realmente tinha "cara" de "mundo"!
Não encontrei poema que resumisse o "meu mundo",
mas este do Drummond é lindo.
E vocês? Resumiriam-se com que palavra?


Imagem retirada deste Site

quarta-feira, março 15, 2006

Para pensar...

Imagem de João Barros da Silveira


“Amar é buscar o que não temos para nos completarmos.
É uma aprendizagem para o ser humano.”

“Nada mais difícil que sustentar suas escolhas.”


Ouvi ontem em uma palestra com a
Profª. Dra. Helena Bier, sobre "O Turismo e o Imaginário".
Falando em imaginário, também foi trazido o seguinte...


"Imaginário é a produção de sentidos compartilhados, que fundem a comunidade."

ou...

"É o sentido que damos para as coisas."


Ainda estou pensando sobre isso...
E sobre o turismo...


"Assim como o Psicanalista 'escuta' almas, o Turismólogo 'escuta' cidades."


Agora, pensem!

segunda-feira, março 13, 2006

Meus poemas

Pílulas de realidade
que me preservam da loucura.
(Ou levam-me a ela).

21 de Janeiro de 2005.

segunda-feira, março 06, 2006

Contra o Mundo

Peito aberto enfrento o mundo.
Abafo o grito,
combato a raiva,
desvio da amargura.
No ato, nada me derruba.
Logo, desabo na solidão de meus pensamentos.

Débora H.
21 de Janeiro de 2005.


Demorei (férias)... Mas este é um dos que falei.

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Os poemas



Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Mario Quintana
Esconderijos do tempo. Porto Alegre: L&PM,1980.



Iria postar poeminhas meus, escritos há dois dias...
Mas meu estado de espírito pediu a leveza de Quintana.
Ficam os meus para a próxima. Aguardem...! :)
Foto Retirada deste link

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Temo por Tempo

Temo o tempo que leva
de meus pensamentos
os momentos que jamais
imaginei que esqueceria.

Débora H.
23 de Janeiro de 2006.

Não descobri de quem é a imagem.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Wave

Vou te contar os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor é impossível ser feliz sozinho

O resto é mar, é tudo que eu não sei contar
São coisas lindas que eu tenho pra te dar
Vem de mansinho à brisa e me diz que é impossível ser feliz sozinho

Da primeira vez era a cidade
Da segunda o cais a eternidade,
Agora eu já sei,
Da onda que se ergueu no mar
E das estrelas que esquecemos de contar
O amor se deixa surpreender
Enquanto a noite vem nos envolver

Tom Jobim

Ouvi Jobim hoje no rádio e pensei em dividir.
Uma das minhas preferidas.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Mecânica do Pensamento

Ctrl V Ctrl C
Ctrl V Ctrl C
Longe de mim controlar você.

Débora H.
13 de Fevereiro de 2006.

Mais um curtinho e moderno :)
Quase só um pensamento

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

(Im)pulso

Pulsa a vontade de ser em mim
Voar do corpo ao teu pensamento
Ser como a brisa e pertencer ao vento.

Débora H.
07 de Fevereiro de 2006.


Saiu um Poetrix, mesmo sem que eu soubesse o que era...
Três links para saber mais sobre essa linguagem poética:
Academia Virtual Brasileira de Letras
Poetrix
Prosa & Poesia

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Terça a Tarde

Tarde de terça
verso na língua
poema com rima
pipoca sem “chima”.
Lembro da china
que saiu do bochincho
xingada pela exportação do calçado.

Débora H.
07 de Fevereiro de 2006.

China


O poema foge um pouco do meu estilo usual, mas ficou interessante.
Para entender mais:

Saiba o significado de bochincho e china.
Leia O Bochincho na íntegra.
Saiba mais sobre a China e o Calçado.
Imagem retirada de Viajar a Argentina.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Não pise na Grama

Placa inútil e amarela:
“Não pise na grama.”

Amarela
pela ausência de girassóis.

Inútil
porque não tenho os pés no chão.

Fabio Rocha

Confira o Blog do Poeta em layout e endereço novos: Da Busca

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

O Mapa

Porto Alegre


Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...

(E nem que fosse o meu corpo!)

Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...

Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E ha uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)

Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...

Mario Quintana


Na foto, a cidade de Porto Alegre
Mais imagens em Wcams

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Minha Cabeça

minha cabeça cortada
joguei na tua janela
noite de lua
janela aberta

bate na parede
perdendo dentes
cai na cama
pesada de pensamentos

talvez te assustes
talvez a contemples
contra a lua
buscando a cor de meus olhos

talvez a uses
como despertador
sobre o criado-mudo

não quero assustar-te
peço apenas um tratamento condigno
para essa cabeça súbita
de minha parte

Paulo Leminski


Imagem "filada" da Toca da Santa, com a devida permissão, é claro!

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Meus versos Meus preferidos
Não necessariamente minhas poesias preferidas, mas gosto muito dos versos




Não queria algemas ou alianças ou papéis assinados.
Pedia apenas um homem que beijasse uma mulher só.

"Homens, Mulheres e Sara" - 08 de Setembro de 2005.




Ecoa firme o fino salto
no chão de asfalto...

"Beco" - 23 de Maio de 2005.



Dissolveria sonho em sono profundo,
se pudesse fechar os olhos.

"Cama Vazia" - 27 de Maio de 2005.


Poeta profere profecia em poema sem saber...

"Profecia" - 18 de Maio de 2005.



Só eu.
Por mim.
Com meus desejos.
Em minha janela.
De liberdade.

"Outra Janela" - Abril de 2002


Dormiu agarrada às lembranças...

"Espelhos d”Alma" - Novembro de 2004


E sem que ninguém entenda,
em uma noite fria, faz horas vivas...

"Sobre uma noite de verão..." - Janeiro de 2004



Parece que percebo vultos, parece que observo anjos, parece que chegam à janela(...) E agora já nem sei se os anjos velam-me com a Lua, ou se da Lua velam-me os anjos.

"Lua" - Março de 2004



Um dia chorei minhas lágrimas tal qual os anjos choram a chuva.

"Lágrimas de Anjo" - Agosto de 2004

sexta-feira, janeiro 20, 2006

        O vento desceu subitamente do céu da madrugada, onde brilhava, numa lucidez de entreloucura, grande como uma lágrima da noite, a desvairada estrela da manhã. Primeiro uma rajada fria, que trazia na epiderme farfalhante um pouco de éter das altas regiões de onde chegava. E logo tornou-se fria, depois aqueceu. E partiu à solta, crestando a face lisa da aurora, fazendo crespidar as folhas das árvores evaporando o mar, que inaugurou de verde o dia nascente. A mim secou-me os olhos, a boca e a alma perseguida de insônia, e me tornou áspero o lençol, e me trouxe lembranças secas da vida. Assisti ao dia nascer como se visse um diamante cortar o vidro e ficasse inelutavelmente a respirar a poeira implacável do carvão remanescente.

Vinícius de Moraes

terça-feira, janeiro 17, 2006

A Coisa

      A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita.

Mario Quintana