quarta-feira, julho 28, 2004

Perseguição


Há muito
O Poema
me escapa.

Corre rente a rimas pobres
salta sobre metáforas
esgueira-se dentre veludosas sinestesias
esconde-se em reticências...

Abrevia-se sob esquecimentos
e árvores temporais sem folhas.

(Sinto que sorri
de minha incompetência)

Sigo
com pena
tentando.



Fabio Rocha
01 de Julho de2004



quinta-feira, julho 22, 2004

Como Dizia o Poeta

Quem já passou por esta vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá para quem se deu
Para quem amou, para quem chorou, para que sofreu
Ai, que nunca curtiu uma paixão
Nunca vai ter nada não

Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa
É melhor que a solidão
Abre os braços meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração
Esse não vai ter perdão

Vinícius de Moraes


Não concordo com tudo o que o Poeta diz, mas adoro o poema...


segunda-feira, julho 19, 2004

Outra Janela


A janela de minha vida
por onde passam
meus amores
meus horrores.

É por si
meu objeto de desejo.

Desejos meus
que flutuam em meus sonhos.

A flor no chão,
as folhas secas,
o sol no céu,
o pico do monte,
a liberdade.

Eu livre.
Eu leve.
Eu solta.

Só eu.
Por mim.
Com meus desejos.
Em minha janela.
De liberdade.



Débi
Abril de 2002

segunda-feira, julho 12, 2004

Dúvidas sobre existir...

"Penso, logo existo."

Renée Descartes



"Sonho, logo existo."
Johann August Strendberg

Sufoco

  Lembrem de mim

como de um
que ouvia a chuva
como quem assiste missa
como que hesita, mestiça
entre a pressa e a preguiça.

Paulo Leminski

terça-feira, julho 06, 2004

Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou no mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas.

Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, julho 02, 2004

Sobre fazer poemas...

"Um bom poema se faz bem rápido, sem pensar.
Poema com cérebro, dá azar."


Autor desconhecido.