quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Se eu morresse amanhã

Se eu morresse amanhã,
levaria comigo um pedaço
de vida de minha mãe.

Se eu morresse amanhã,
deixaria um vazio
no coração de minha avó
e revolta no peito de meu irmão.

É possivel que fizesse
algumas lágrimas se
desprenderem de corações,
se eu morresse amanhã.

Se eu morresse amanhã,
uma mesa ficaria vazia,
os registros não seriam escritos
e as hipóteses se fariam presentes.

Mas o Sol brilharia no céu,
os pássaros cantariam a manhã
e o mundo seguiria seu rumo,
mesmo que eu morresse amanhã.

Se eu morresse amanhã,
talvez o juízo voltasse àquela mente
e é certo que não mais
me afetaria aquela dor.
Mas só se eu morresse amanhã.



Débora H.
Novembro de 2004

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Tarde

Na hora dolorosa e roxa das emoções silenciosas
Meu espírito te sentiu.
Ele te sentiu imensamente triste
Imensamente sem Deus
Na tragédia da carne desfeita.

Ele te quis, hora sem tempo
Porque tu eras a sua imagem, sem Deus e sem tempo.
Ele te amou
E te plasmou na visão da manhã e do dia
Na visão de todas as horas
Ó hora dolorosa e roxa das emoções silenciosas.

Vinícius de Moraes
Rio de Janeiro, 1933