quinta-feira, setembro 15, 2005

Conselhos de Duda

         Sara e Duda conheciam-se há 19 anos, mas faziam apenas alguns meses que estavam realmente próximas. Com o passar do tempo o mundo providenciou para que seus caminhos se cruzassem de forma muito particular. Conselhos, desabafos, abraços, consolos e muita franqueza tornaram-se constantes na amizade das duas.
         Certo dia, após escutar as “cautelosas neuras” de Sara, Duda sentiu que conselhos eram necessários: “Cuida,... Cuida pra não desconfiar de quem tu não tem a temer e que só quer te fazer feliz. Cuida pra não cair na ilusão de palavras que encantam, mas que só saem do teclado de um computador para uma tela, sem nem mesmo chegar ao papel. Quem sabe elas serão lembradas para sempre pela sua forma doce de tornar o mundo mais fácil de ser entendido, mas não esqueça que palavras as vezes não conseguem dizer o que um simples olhar explica. E lembra... nem todos os homens são iguais aos nossos Diogos”.
        As palavras não poderiam ter tocado Sara de forma mais intensa.
        Baixou a cabeça e prometeu a si mesma que tentaria acreditar.

Original Patrícia Brock da Fé
Adaptação Débora H.

sexta-feira, setembro 09, 2005

Homens, Mulheres e Sara

       O horizonte laranja e lilás apontava o fim do dia. A conversa era sobre 27 fotos. Não... dia 27 e uma foto só. Sara leu Augusto e então fluíram palavras.

       Simpatizou com Marília. Uma ilusória identificação, acreditava. Outro estado, e-mails, prováveis confissões, possíveis declarações. Questionava a quanto tempo Marília existia e, se existia há tempo, parte dela se sentia enganada, mesmo que isso não fosse verdade. Apenas a inquietava Alagoas ser mais próximo que Rio de Janeiro. Mas isso não tinha mais cabimento.

       Por outro lado, Samanta a encomodava. Na verdade sempre a encomodou. Mas hoje, apesar de não haver mais o tal cabimento, encomodava mais. Parecia manhosa. E Sara nunca gostou de manha. Ciúme? Marília não a atingia dessa forma. Preconceito? Pode ser. Quem sabe não passava de fragilidade exagerada. Achou melhor não julgar, mas ainda a encomodava.

       E sentada em frente aos seus mais próximos amigos homens (que resolveram tirar a noite para tirá-la do sério), magoada com a atitude egoísta de ambos, percebeu que escrevia das mulheres de Augusto, com um sentimento estranho.

       Só lembrou de Mateus quando lhe perguntaram se estava a pensar nele usando apenas meias. Desviou a atenção das mulheres de Augusto para questionar se não estava sendo enganada durante os fins de semana de praia com família e programas com pai e avô.

       A fuga de Douglas. Provavelmente foi isso que afetou a confiança de Sara em homens. Seus amigos homens diziam que todos são iguais: traem. Resulta que muitas vezes se encontrava imaginando Mateus enviando mensagem a ela e logo beijando outra. Ná e Duda a julgavam metade neurótica, metade cautelosa. Decidiu então não mais tirar peça alguma, sem antes colocar pingos em certos “is”.

       Não queria algemas ou alianças ou papéis assinados. Pedia apenas um homem que beijasse uma mulher só. Um metro e setenta de mulher também não era tão pouco assim. Sem contar que, nesse caso em particular, química é o que não faltava, com direito à reações aceleradas por catalisadores. Entendam como quiserem.

       Esperou o telefone tocar, e foi ao planejamento.

       ...

       A aula de planejamento foi agradável. O intervalo pediu capuccino. Sara retornou ao lar silenciosa. Edu surpreendeu. Provou, sem querer, que não tem amigo melhor. O telefone tocou. Era apenas um amigo. Previu um fim de semana com peças de roupa.

       Uma cama vazia a esperava.

Débora H.
08 de Setembro de 2005.

quarta-feira, setembro 07, 2005

Vida e Morte

Passam dias.
Novos anos.
Aprendi a lidar com a morte:
menos uma vida,
mais uma tristeza,
menos um abraço,
mais um canto vazio.
Restam lembranças.
A vida?
Talvez entenda
depois da morte...

Débora H.
07 de Setembro de 2005