quarta-feira, dezembro 21, 2005

Ao meu Pai e ao Fabio.

       Os transuentes eram poucos. Já era tarde no Salgado Filho, em Porto Alegre. Porém, todos diziam que é sempre cedo para despedidas. E dessa vez não parecia diferente. Nesse dia, o silêncio não me acompanhava, mas sabia que ele ainda surgiria.
       Antes do embarque, pedi que subíssemos pela escada rolante. Do alto, percebi que na mesa do Café, sentava uma mulher loura, estatura média e olhos tristes. Estava só.
       Não havia pôr do sol. Em verdade, não tenho certeza se algum dia houve. E apenas as estrelas não pareciam fazer sentido olhadas pelas janelas de vidro, já que a Lua se escondia no céu nublado.
       Sentaram-se.
       Calada, parti em busca do Papai Noel. Loja a loja, olhos atentos, busquei luzes e lágrimas. Na última vitrine o percebi imóvel. Não sorria nem se portava triste. Mas é possível que meus olhos não enxergassem além das roupas vermelhas e da barba branca. Fitei-o por alguns segundos e parti. É possível que não fosse o mesmo sobre o qual ouvi que piscava “no aeroporto azul de Porto Alegre”, mas prefiro acreditar que era.
       Voltei à companhia deles e logo uma voz sonora chamou os passageiros do vôo 406. Foi então que o silêncio surgiu. Nenhuma palavra até o portão de embarque. “Te amo muito” e “Eu também te amo, boa viagem” foi tudo o que pude ouvir e dizer durante um longo abraço. O vimos partir mais uma vez.
       A caminho do carro, não havia quem me seguisse pelo andar de cima, como outrora. Também não rolaram lágrimas. Imagino que estou acostumando.
       Lá fora, algo me fez perceber que agora sim pertencia ao vento, cujo som era o único a quebrar nosso silêncio.

Débora H.
21 de Dezembro de 2005.

Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo...
É renovar as esperanças na vida e, o mais importante...
Acreditar em você de novo.
Sofreu muito nesse período?
Foi aprendizado...
Chorou muito?
Foi limpeza da alma...
Ficou com raiva das pessoas?
Foi para perdoá-las um dia...
Sentiu-se só por muitas vezes?
É porque fechaste a porta....
Acreditou que tudo estava perdido?
Era o início de tua melhora...
Onde quer chegar? Ir alto?
Sonhe alto...
Queira o melhor do melhor...
Se pensarmos pequeno...
Coisas pequenas teremos...
Mas se desejarmos fortemente o melhor e, principalmente, lutarmos pelo melhor...
O melhor vai se instalar em nossa vida.
Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do tamanho da minha altura.

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, dezembro 15, 2005

       "Thoughts reduced to paper are generally nothing more than the footprints of a man walking in the sand. It is true that we see the path he has taken; but to know what he saw on the way, we must use our own eyes."

Autoria atribuida na internet a Arthur Schopenhauer, mas não consegui confirmar.

sábado, dezembro 03, 2005

Caminho

Portas se fecham
A chuva na rua cai
E o caminho em frente é longo
E o destino a frente incerto
Sigo a trilha das flores
São lilases cobrindo o chão
Ou miúdas pétalas púrpuras
Cor da morte.

Débora H.
01 de Dezembro de 2005.

sexta-feira, novembro 25, 2005

Balada para un Loco

Las tardecitas de Buenos Aires tienen ese qué sé yo, ¿viste? Salís de tu casa, por Arenales. Lo de siempre: en la calle y en vos. . . Cuando, de repente, de atrás de un árbol, me aparezco yo. Mezcla rara de penúltimo linyera y de primer polizonte en el viaje a Venus: medio melón en la cabeza, las rayas de la camisa pintadas en la piel, dos medias suelas clavadas en los pies, y una banderita de taxi libre levantada en cada mano. ¡Te reís!... Pero sólo vos me ves: porque los maniquíes me guiñan; los semáforos me dan tres luces celestes, y las naranjas del frutero de la esquina me tiran azahares. ¡Vení!, que así, medio bailando y medio volando, me saco el melón para saludarte, te regalo una banderita, y te digo...

Ya sé que estoy piantao, piantao, piantao...
No ves que va la luna rodando por Callao;
que un corso de astronautas y niños, con un vals,
me baila alrededor... ¡Bailá! ¡Vení! ¡Volá!

Ya sé que estoy piantao, piantao, piantao...
Yo miro a Buenos Aires del nido de un gorrión;
y a vos te vi tan triste... ¡Vení! ¡Volá! ¡Sentí!...
el loco berretín que tengo para vos:

¡Loco! ¡Loco! ¡Loco!
Cuando anochezca en tu porteña soledad,
por la ribera de tu sábana vendré
con un poema y un trombón
a desvelarte el corazón.

¡Loco! ¡Loco! ¡Loco!
Como un acróbata demente saltaré,
sobre el abismo de tu escote hasta sentir
que enloquecí tu corazón de libertad...
¡Ya vas a ver!

Salgamos a volar, querida mía;
subite a mi ilusión super-sport,
y vamos a correr por las cornisas
¡con una golondrina en el motor!

De Vieytes nos aplauden: "¡Viva! ¡Viva!",
los locos que inventaron el Amor;
y un ángel y un soldado y una niña
nos dan un valsecito bailador.

Nos sale a saludar la gente linda...
Y loco, pero tuyo, ¡qué sé yo!:
provoco campanarios con la risa,
y al fin, te miro, y canto a media voz:

Quereme así, piantao, piantao, piantao...
Trepate a esta ternura de locos que hay en mí,
ponete esta peluca de alondras, ¡y volá!
¡Volá conmigo ya! ¡Vení, volá, vení!

Quereme así, piantao, piantao, piantao...
Abrite los amores que vamos a intentar
la mágica locura total de revivir...
¡Vení, volá, vení! ¡Trai-lai-la-larará!

¡Viva! ¡Viva! ¡Viva!
Loca ella y loco yo...
¡Locos! ¡Locos! ¡Locos!
¡Loca ella y loco yo

Musica Astor Piazzolla
Letra Horacio Ferrer
Ano 1969

Pra quem não conhece, a letra é de um tango. Uma viagem, é verdade.
Achei muito criativa e traz ótimas imagens à mente... É só soltar a imaginação...



 

quinta-feira, novembro 17, 2005

     Sim, minha força está na solidão. Não tenho medo de chuvas tempestivas, nem das grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.

Clarice Lispector

quinta-feira, novembro 10, 2005

Para pensar...

     "Na praia uma criança constrói um castelo de areia. Por um momento, contempla admirada a sua obra. Depois destrói tudo e constrói um outro castelo. Da mesma forma, o tempo permite que o globo terrestre realize seus experimentos. Aqui nesta praça se escreveu a história do mundo; aqui os acontecimentos foram gravados na memória das pessoas, e depois novamente apagados. Na Terra, a vida pulsa de forma desordenada, até que um belo dia nós somos modelados... com o mesmo e frágil material de nossos antepassados. O sopro do tempo nos perpassa, nos carrega e se incorpora a nós. Depois se desprende de nós e nos deixa cair. Somos arrebatados como num passe de mágica e depois novamente abandonados. Sempre há alguma coisa fermentando, à espera de tomar nosso lugar. Isso porque não temos um solo firme sob os nossos pés. Não temos sequer areia sob nossos pés. Nós somos areia."

Personagem do livro "O Dia do Curinga", de Jostein Gaarder.

quarta-feira, novembro 09, 2005

Pouco de Filosofia

     "Toda manhã acordo com um estalo. É como se a cada manhã alguma coisa me lembrasse de que estou vivo, de que um ser vivo vivendo uma aventura fantástica. Pois, afinal de contas, quem somos nós, Hans Thomas? Será que você pode me responder? Somos feitos de uma pequena porção de poeira estrelar. Mas o que significa isso? De onde vem esse mundo afinal?"

Personagem do livro "O Dia do Curinga", de Jostein Gaarder.

quinta-feira, setembro 15, 2005

Conselhos de Duda

         Sara e Duda conheciam-se há 19 anos, mas faziam apenas alguns meses que estavam realmente próximas. Com o passar do tempo o mundo providenciou para que seus caminhos se cruzassem de forma muito particular. Conselhos, desabafos, abraços, consolos e muita franqueza tornaram-se constantes na amizade das duas.
         Certo dia, após escutar as “cautelosas neuras” de Sara, Duda sentiu que conselhos eram necessários: “Cuida,... Cuida pra não desconfiar de quem tu não tem a temer e que só quer te fazer feliz. Cuida pra não cair na ilusão de palavras que encantam, mas que só saem do teclado de um computador para uma tela, sem nem mesmo chegar ao papel. Quem sabe elas serão lembradas para sempre pela sua forma doce de tornar o mundo mais fácil de ser entendido, mas não esqueça que palavras as vezes não conseguem dizer o que um simples olhar explica. E lembra... nem todos os homens são iguais aos nossos Diogos”.
        As palavras não poderiam ter tocado Sara de forma mais intensa.
        Baixou a cabeça e prometeu a si mesma que tentaria acreditar.

Original Patrícia Brock da Fé
Adaptação Débora H.

sexta-feira, setembro 09, 2005

Homens, Mulheres e Sara

       O horizonte laranja e lilás apontava o fim do dia. A conversa era sobre 27 fotos. Não... dia 27 e uma foto só. Sara leu Augusto e então fluíram palavras.

       Simpatizou com Marília. Uma ilusória identificação, acreditava. Outro estado, e-mails, prováveis confissões, possíveis declarações. Questionava a quanto tempo Marília existia e, se existia há tempo, parte dela se sentia enganada, mesmo que isso não fosse verdade. Apenas a inquietava Alagoas ser mais próximo que Rio de Janeiro. Mas isso não tinha mais cabimento.

       Por outro lado, Samanta a encomodava. Na verdade sempre a encomodou. Mas hoje, apesar de não haver mais o tal cabimento, encomodava mais. Parecia manhosa. E Sara nunca gostou de manha. Ciúme? Marília não a atingia dessa forma. Preconceito? Pode ser. Quem sabe não passava de fragilidade exagerada. Achou melhor não julgar, mas ainda a encomodava.

       E sentada em frente aos seus mais próximos amigos homens (que resolveram tirar a noite para tirá-la do sério), magoada com a atitude egoísta de ambos, percebeu que escrevia das mulheres de Augusto, com um sentimento estranho.

       Só lembrou de Mateus quando lhe perguntaram se estava a pensar nele usando apenas meias. Desviou a atenção das mulheres de Augusto para questionar se não estava sendo enganada durante os fins de semana de praia com família e programas com pai e avô.

       A fuga de Douglas. Provavelmente foi isso que afetou a confiança de Sara em homens. Seus amigos homens diziam que todos são iguais: traem. Resulta que muitas vezes se encontrava imaginando Mateus enviando mensagem a ela e logo beijando outra. Ná e Duda a julgavam metade neurótica, metade cautelosa. Decidiu então não mais tirar peça alguma, sem antes colocar pingos em certos “is”.

       Não queria algemas ou alianças ou papéis assinados. Pedia apenas um homem que beijasse uma mulher só. Um metro e setenta de mulher também não era tão pouco assim. Sem contar que, nesse caso em particular, química é o que não faltava, com direito à reações aceleradas por catalisadores. Entendam como quiserem.

       Esperou o telefone tocar, e foi ao planejamento.

       ...

       A aula de planejamento foi agradável. O intervalo pediu capuccino. Sara retornou ao lar silenciosa. Edu surpreendeu. Provou, sem querer, que não tem amigo melhor. O telefone tocou. Era apenas um amigo. Previu um fim de semana com peças de roupa.

       Uma cama vazia a esperava.

Débora H.
08 de Setembro de 2005.

quarta-feira, setembro 07, 2005

Vida e Morte

Passam dias.
Novos anos.
Aprendi a lidar com a morte:
menos uma vida,
mais uma tristeza,
menos um abraço,
mais um canto vazio.
Restam lembranças.
A vida?
Talvez entenda
depois da morte...

Débora H.
07 de Setembro de 2005

terça-feira, agosto 30, 2005

Fim de Milênio

Caminhava na floresta molhada
e pisei no gnomo, caí na fada.

Desesperado
tentei falar com meu anjo da guarda.
Linha ocupada!

Minha lua em aquário
sempre me fez de otário

Fabio Rocha

terça-feira, agosto 09, 2005

Despedida

Dez minutos
interessantes
E mais segundos
incomparáveis
Quarto de hora
imprevisível
E cinco minutos
inevitáveis...
Inconseqüente?
Irresistível...
Despediu-se com
até breve...

Débora H.
Agosto de 2005

Poeminha do Contra

Todos estes que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão.
Eu passarinho!

Mario Quintana


Dei um pulo na Casa de Cultura Mario Quintana no último domingo e assisti Bailei na Curva (com ótimas companhias, por sinal!). Quando entrei na recepção, dei de cara com esse poema lapidado numa pedra de mármore... Mesmo já sendo bem conhecido, resolvi postar... Faz bastante sentido... Ah... recomendo a peça!

terça-feira, julho 12, 2005

A rua dos cataventos

Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.

Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.

Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arracar a luz sagrada!

Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!

Mario Quintana

terça-feira, junho 07, 2005

Prêmio

     Bom... dessa vez não posto um poema... Posto uma boa notícia!
     No último fim de semana, dias 04 e 05 de junho, ganhei o Prêmio de Melhor Poesia Tema Livre, na XXVI Conferência do Distrito LEO LD2.
     Depois de contar com a opinião de vários amigos, acabei participando com

"Aula de Geografia".

     Com certeza o poema só saiu graças a duas pessoas, além de mim, claro :-)
     Então fica o "Obrigada!" pra minha professora de Geografia Turística e pro meu grande amigo e grande poeta Fabio Rocha.
     E outro "Obrigada" vai pros meus queridos companheiros (não vou citar todos, pra não correr o risco de esquecer alguém), que me "obrigaram" a ler o poema, num microfone, na frente de um bocado de pessoas.

quinta-feira, junho 02, 2005

Lucy in The Sky with Diamonds

Picture Yourself In A Boat On A River
With Tangerine Trees And Marmalade Skies
Somebody Calls You You Answer Quite Slowly
A Girl With Kaleidoscope Eyes

Cellophane Flowers Of Yellow And Green
Towering Over You Head
Look For The Girl With The Sun In Her Eyes
And She's Gone

Lucy In The Sky With Diamonds

Follow Her Down To A Bridge By A Fountain
Where Rocking Horse People Eat Marshmallow Pies
Everyone Smiles As You Drift Past The Flowers
That Grow So Incredibly High

Newspaper Taxis Appear On The Shore
Waiting To Take You Away
Climb In The Back With Your Head In The Clouds
And You're Gone

Lucy In The Sky With Diamonds

Picture Yourself On A Train In A Station
With Plasticine Porters With Looking Glass Ties
Suddenly Someone Is There At The Turnstile
The Girl With Kaleidoscope Eyes

Lucy In The Sky With Diamonds

John Lennon

Com certeza alguns já ouviram que John Lennon escreveu essa letra fazendo uma apologia ao LSD. Esses dias vi uma antiga entrevista, onde o próprio diz tê-la escrito depois que seu filho, Sean Lennon, lhe mostrou um desenho com uma garota solta pelo céu. Ao perguntar o que era aquilo ouviu: It is Lucy in the Sky whit Diamonds. Inclusive, Lennon conta que custou a encontrar as três letrinhas, em seqüência, dentro de sua música. Achei a história uma graça, precisava postar.

terça-feira, maio 31, 2005

Cama Vazia

Sonho distante e perto.
Hoje sem sonho nas mãos,
nem rio a banhar um corpo. Frio.
Dissolveria sonho em sono profundo,
se pudesse fechar os olhos.

Débora H.
27 de Maio de 2005.

quinta-feira, maio 26, 2005

Nostalgia sob Magia

Futuro distante.
Presente assim como o passado,
que vejo logo ali adiante.

Sonho de amor.
Que persiste tal como
o amor sonhador.

Talvez desejasse a nostalgia
se não houvesse
magia na poesia.

Débora H.
25 de Maio de 2005.

A dois grandes amigos, agradecendo a um deles pela inspiração, no caso de um verso, e deixando um beijo aos dois.

quarta-feira, maio 25, 2005

Aula de Geografia

Apontei coordenadas
fugi dos meridianos
pelas latitudes, enquanto
procurava os paralelos.

Os pontos cardeais
negaram ajuda.

E multipliquei e somei,
e subtraí e dividi
e calculei graus.
Mas nada.

Cartografia inútil
que só decifra cartas
ao invés de aproximar
pontos no mapa.

Débora H.
23 de Maio de 2005.

terça-feira, maio 24, 2005

Beco


Rua deserta,
céu sem estrelas.
Ecoa firme o fino salto
no chão de asfalto.
Nada procuro.
E não temo
o obscuro que
no beco me espera.

Débora H.
23 de Maio de 2005.

sexta-feira, maio 20, 2005

Profecia

Depois de palavras pela tua voz entonadas
e sonhos de amor não realizados
percebo que a espera dói
Provo a queda que fere e
a realidade que fria e crua
não une rios.
Poeta profere profecia em poema
sem saber

Débora H.
18 de Maio de 2005.

segunda-feira, maio 16, 2005

Canção

Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

Cecília Meireles

Ainda sem poemas de autoria própria.

quinta-feira, maio 12, 2005

Lejos de Ti

Tengo las cuerdas de mi guitarra
Tengo la noche y tengo mi voz
Para entregarte con toda el alma
Las dulces notas de mi canción

Son las tristezas y la nostalgia
Las amarguras del corazón
Son tus recuerdos en la distancia
Los que me llenan de inspiración

Con todo el amor del alma
Te espero en el año nuevo
Y quiero con mi guitarra
Decirte lo que yo siento

Que siempre te estoy queriendo
Que siempre te estoy soñando
Sin ti yo me estoy muriendo
Pero te sigo esperando

Tengo la brisa por mi ventana
Que me acarícia como tu voz
Tengo grabadas dentro del alma
Las dulces huellas de tu pasión

Voy sumergiendome en la nostalgia
Cuando en las noches yo pienso en ti
Hay una lágrima que se escapa
Porque te siento lejos de mí

Con todo el amor del alma
Te espero en el año nuevo
Y quiero con mi guitarra
Decirte lo que yo siento...

Que siempre te estoy queriendo
Que siempre te estoy soñando
Sin ti yo me estoy muriendo
Pero te sigo esperando

Es este canto que lleva el viento
La voz que clama por verte ya.
Es la esperanza de tu regreso
Un rayo de luz en mi soledad

Al despertar en las noches siento
Que moriré de tanto esperar
Pero al saber que estaremos juntos
Sé que mi pena va a terminar

Con todo el amor del alma
Te espero en el ano nuevo
Y quiero con mi guitarra
Decirte lo que yo siento

Que siempre te estoy queriendo
Que siempre te estoy soñando
Sin ti yo me estoy muriendo
Pero te sigo esperando

Gloria Estefan

Adoro a música latina e descobri essa no ano passado. Ontem estava ouvindo ela e, como estou sem poemas novos, resolvi postar pra não deixar o blog parado (se bem que acho que ele já está)... Fica a dica pra quem também gosta dos ritmos latinos e a promessa de postar algo meu quando eu "destravar"...

segunda-feira, abril 04, 2005

Espera

Há horas espero para dizer
que hora a hora estou a sonhar
com as tuas palavras pela minha voz entonadas

E quando escrevo, compreendo o teu não entender
quando ainda peço para esperar

Se os Rios não corressem tão distantes...
Se falar fosse mais fácil...
Se a loucura tomasse conta de mim...

A espera ainda vai terminar
e cairemos do sonho à realidade

Débora H.
03 de Abril de 2005.

domingo, março 27, 2005

Murmúrio

Traze-me um pouco das sombras serenas
que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
- vê que nem te peço alegria.

Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
- vê que nem te peço ilusão.

Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
- Vê que nem te digo - esperança!
- Vê que nem sequer sonho - amor!



Cecília Meireles

terça-feira, março 08, 2005

Anjos do Mar

As ondas são anjos que dormem no mar,
Que tremem, palpitam, banhados de luz...
São anjos que dormem, que sonham, a rir e sonhar
E em leito d’escuma revolvem-se nus!

E quando de noite vem pálida a lua
Seus raios incertos tremer, pratear,
E a trança luzente da nuvem flutua,
As ondas são anjos que dormem no mar!

Que dormem, que sonham – e o vento dos céus
Vem tépido à noite nos seios beijar!
São meigos anjinhos, são filhos de Deus,
Que ao fresco se embalam do seio do mar!

E quando nas águas os ventos suspiram,
São puros fervores de vento e mar:
São beijos que queimam... e as noites deliram,
E os pobres anjinhos estão a chorar!

Ai! quando tu sentes dos mares na flor
Os ventos e vagas gemer, palpitar,
Porque não consentes, num beijo de amor,
Que eu diga-te os sonhos dos anjos do mar?


Álvares de Azevedo
A Lira dos Vinte Anos

domingo, março 06, 2005

Al Otro Lado del Río

Clavo mi remo en el agua
Llevo tu remo en el mío
Creo que he visto una luz al otro lado del río
El dia le irá pudiendo poco a poco al frío
Creo que he visto una luz al otro lado del río
Sobre todo creo que no todo está perdido
Tanta lágrima, tanta lágrima y yo, soy un vaso vacío
Oigo una voz que me llama casi un suspiro

Rema, rema, rema, rema, rema, rema
En esta orilla del mundo lo que no es presa es baldío
Creo que he visto una luz al otro lado del río
Yo muy serio voy remando muy adentro sonrío
Creo que he visto una luz al otro lado del río

Sobre todo creo que no todo está perdido
Tanta ágrima, tanta lágrima y yo soy un vaso vacío
Oigo una voz que me llama casi un suspiro

Rema, rema, rema, rema, rema, rema
Clavomi remo en el agua
Llevo tu remo en el mío
Creo que he visto una luz al otro lado del río

Jorge Drexter - Uruguay


Essa música foi premiada com o Oscar deste ano, sendo a primeira música de língua espanhola a ganhar o prêmio.

quarta-feira, março 02, 2005

Dream a Little Dream of Me

Stars shining bright above you
Night breezes seem to whisper "I love you"
Birds singin' in the sycamore tree
Dream a little dream of me

Say nighty-night and kiss me
Just hold me tight and tell me you'll miss me
While I'm alone and blue as can be
Dream a little dream of me

Stars fading but I linger on dear
Still craving your kiss
I'm longing to linger till dawn dear
Just saying this

Sweet dreams till sunbeams find you
Sweet dreams that leave all worries behind you
But in your dreams whatever they be
Dream a little dream of me

Cantada por The Mamas & The Papas, essa música é linda...


Traduzindo...

Sonhe um pequeno sonho comigo

Estrelas brilham luminosas sobre você
Brisas da noite parecem sussurar "Eu te amo"
Pássaros cantando em uma árvore
Sonhe um pequeno sonho comigo

Diga boa noite e me beije
Apenas me abrace forte a diga que sente minha falta
Enquanto eu estou sozinho e triste como posso estar
Sonhe um pequeno sonho comigo

Estrelas desaparecem, mas eu persisto querida
Ainda desejo seu beijo
Eu espero persistir até o amanhecer
Apenas dizendo isto

Doces sonhos até os raios de sol encontrarem você
Doces sonhos que deixam todas as preocupações para trás de você
Mas em seus sonhos, quaisquer que sejam
Sonhe um pequeno sonho comigo

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Se eu morresse amanhã

Se eu morresse amanhã,
levaria comigo um pedaço
de vida de minha mãe.

Se eu morresse amanhã,
deixaria um vazio
no coração de minha avó
e revolta no peito de meu irmão.

É possivel que fizesse
algumas lágrimas se
desprenderem de corações,
se eu morresse amanhã.

Se eu morresse amanhã,
uma mesa ficaria vazia,
os registros não seriam escritos
e as hipóteses se fariam presentes.

Mas o Sol brilharia no céu,
os pássaros cantariam a manhã
e o mundo seguiria seu rumo,
mesmo que eu morresse amanhã.

Se eu morresse amanhã,
talvez o juízo voltasse àquela mente
e é certo que não mais
me afetaria aquela dor.
Mas só se eu morresse amanhã.



Débora H.
Novembro de 2004

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Tarde

Na hora dolorosa e roxa das emoções silenciosas
Meu espírito te sentiu.
Ele te sentiu imensamente triste
Imensamente sem Deus
Na tragédia da carne desfeita.

Ele te quis, hora sem tempo
Porque tu eras a sua imagem, sem Deus e sem tempo.
Ele te amou
E te plasmou na visão da manhã e do dia
Na visão de todas as horas
Ó hora dolorosa e roxa das emoções silenciosas.

Vinícius de Moraes
Rio de Janeiro, 1933


segunda-feira, janeiro 17, 2005

Carta ao Tom 74

Rua Nascimento Silva 107 você ensinando pra Elisete
as canções de canção do amor demais
Lembra que tempo feliz mais que saudade
Ipanema era só felicidade
era como se amor doesse em paz.
Nossa famosa garota nem sabia
a que ponto a cidade turvaria
esse rio de amor que se perdeu.
Mesmo a tristeza da gente era mais bela
e além disso se via da janela
um cantinho do céu e o redentor.
É meu amigo só resta uma certeza
é preciso acabar com essa tristeza
é preciso inventar denovo o amor.

Toquinho e Vinícius de Moraes

Ps.: Uma tarde para se lembrar...

quarta-feira, janeiro 05, 2005

Espelhos d'Alma

De repente um vazio tomou conta do peito
e as lágrimas tentaram deixar os olhos.
De repente os olhos não mais brilhavam,
apesar do tantos sentimentos que refletiam.

E sentiu que tudo devia ser dito
para que não se afogasse em seus pensamentos.
Mas estava só e mesmo que gritasse,
não haveriam ouvidos que pudessem escutar.

Assim, o vazio virou tristeza
e os olhos lacrimejaram, mostrando-se espelhos
de um'alma solitária.
Dormiu agarrada às lembranças


Débi H.
Novembro de 2004.