sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Os poemas



Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhoso espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Mario Quintana
Esconderijos do tempo. Porto Alegre: L&PM,1980.



Iria postar poeminhas meus, escritos há dois dias...
Mas meu estado de espírito pediu a leveza de Quintana.
Ficam os meus para a próxima. Aguardem...! :)
Foto Retirada deste link

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Temo por Tempo

Temo o tempo que leva
de meus pensamentos
os momentos que jamais
imaginei que esqueceria.

Débora H.
23 de Janeiro de 2006.

Não descobri de quem é a imagem.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Wave

Vou te contar os olhos já não podem ver
Coisas que só o coração pode entender
Fundamental é mesmo o amor é impossível ser feliz sozinho

O resto é mar, é tudo que eu não sei contar
São coisas lindas que eu tenho pra te dar
Vem de mansinho à brisa e me diz que é impossível ser feliz sozinho

Da primeira vez era a cidade
Da segunda o cais a eternidade,
Agora eu já sei,
Da onda que se ergueu no mar
E das estrelas que esquecemos de contar
O amor se deixa surpreender
Enquanto a noite vem nos envolver

Tom Jobim

Ouvi Jobim hoje no rádio e pensei em dividir.
Uma das minhas preferidas.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Mecânica do Pensamento

Ctrl V Ctrl C
Ctrl V Ctrl C
Longe de mim controlar você.

Débora H.
13 de Fevereiro de 2006.

Mais um curtinho e moderno :)
Quase só um pensamento

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

(Im)pulso

Pulsa a vontade de ser em mim
Voar do corpo ao teu pensamento
Ser como a brisa e pertencer ao vento.

Débora H.
07 de Fevereiro de 2006.


Saiu um Poetrix, mesmo sem que eu soubesse o que era...
Três links para saber mais sobre essa linguagem poética:
Academia Virtual Brasileira de Letras
Poetrix
Prosa & Poesia

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Terça a Tarde

Tarde de terça
verso na língua
poema com rima
pipoca sem “chima”.
Lembro da china
que saiu do bochincho
xingada pela exportação do calçado.

Débora H.
07 de Fevereiro de 2006.

China


O poema foge um pouco do meu estilo usual, mas ficou interessante.
Para entender mais:

Saiba o significado de bochincho e china.
Leia O Bochincho na íntegra.
Saiba mais sobre a China e o Calçado.
Imagem retirada de Viajar a Argentina.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Não pise na Grama

Placa inútil e amarela:
“Não pise na grama.”

Amarela
pela ausência de girassóis.

Inútil
porque não tenho os pés no chão.

Fabio Rocha

Confira o Blog do Poeta em layout e endereço novos: Da Busca

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

O Mapa

Porto Alegre


Olho o mapa da cidade
Como quem examinasse
A anatomia de um corpo...

(E nem que fosse o meu corpo!)

Sinto uma dor infinita
Das ruas de Porto Alegre
Onde jamais passarei...

Há tanta esquina esquisita,
Tanta nuança de paredes,
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei
(E ha uma rua encantada
Que nem em sonhos sonhei...)

Quando eu for, um dia desses,
Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,
Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar
Pareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,
Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...

Mario Quintana


Na foto, a cidade de Porto Alegre
Mais imagens em Wcams

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Minha Cabeça

minha cabeça cortada
joguei na tua janela
noite de lua
janela aberta

bate na parede
perdendo dentes
cai na cama
pesada de pensamentos

talvez te assustes
talvez a contemples
contra a lua
buscando a cor de meus olhos

talvez a uses
como despertador
sobre o criado-mudo

não quero assustar-te
peço apenas um tratamento condigno
para essa cabeça súbita
de minha parte

Paulo Leminski


Imagem "filada" da Toca da Santa, com a devida permissão, é claro!